Caricatura Digital por Castello.
E aí, pessoal! Como está o carnaval por aí?
Eu gosto muito do carnaval. Do FERIADO, estejamos bem entendidos.
O motivo pela minha aversão à festividade eu já contei em algum texto por aqui. Boa desculpa, quem sabe, pra você que está chegando agora procurar as outras crônicas.
O motivo pela minha aversão à festividade eu já contei em algum texto por aqui. Boa desculpa, quem sabe, pra você que está chegando agora procurar as outras crônicas.
Outro dia me deparei no Facebook com uma daquelas críticas "pseudointelectualóidescomdordebarriga", explicando o por quê do povo brasileiro não ler e nos comparando com outros países do continente.
E a conclusão: brasileiro não lê porque: a) os livros são caros; b) não existem muitas livrarias e c) as obras "obrigatórias" nas escolas e exigidas nos vestibulares são "antigas demais e fora de consonância com a atual realidade".
E a conclusão: brasileiro não lê porque: a) os livros são caros; b) não existem muitas livrarias e c) as obras "obrigatórias" nas escolas e exigidas nos vestibulares são "antigas demais e fora de consonância com a atual realidade".
Esse tipo de "estudo" é tão ridículo que nem mereceria muitos parágrafos de comentários. Basta imaginar o quanto um brasileiro médio gasta com cerveja e tira-gosto no final de semana pra começar a entender que livros até que não são tão caros assim. Aliás, as bibliotecas SEMPRE foram gratuitas... sem falar no livre acesso às obras (e-books) em livrarias e sebos virtuais, o que já coloca por terra o segundo argumento. Nessa semana mesmo comprei um livro - novo - de quase 700 páginas por R$ 29,90 em uma delas. ISSO é caro?
A terceira, a meu ver, é a mais furada de todas. Não consigo conceber a "enorme diferença" de compreensão entre o Machado de Assis dos meus tempos de escola e dos jovens de hoje. Aquele Brasil "republicano de fraldas" já era "antigo e ultrapassado" também na minha época, oras!
E nem por isso tive dificuldades em me situar em outro tempo, em outras situações, ou em me adequar a uma outra linguagem... enfim, não é pra isso mesmo que deveriam servir os livros?!
Sinceramente, qual seria a graça de apenas ler sobre a nossa realidade e tempo? As temáticas, sejam no século XIX, sejam as tragédias gregas de 500 anos antes de Cristo não são atemporais?
Sinceramente, qual seria a graça de apenas ler sobre a nossa realidade e tempo? As temáticas, sejam no século XIX, sejam as tragédias gregas de 500 anos antes de Cristo não são atemporais?
Acho que a mudança nessas três últimas décadas é muito menos tecnológica e muito mais comportamental.
Estamos criando gerações de futuros adultos preguiçosos, dependentes, irresponsáveis e sem imaginação. E tudo isso com o "patrocínio" de políticas estatais, com o "apoio" de doutrinas religiosas ou com o "interesse" de redes de televisão.
Estamos criando gerações de futuros adultos preguiçosos, dependentes, irresponsáveis e sem imaginação. E tudo isso com o "patrocínio" de políticas estatais, com o "apoio" de doutrinas religiosas ou com o "interesse" de redes de televisão.
A verdade é que o brasileiro - como massa, como povo - não gosta de ler. Nem legendas em filmes no cinema - que não deixava de ser um mínimo de leitura - estamos encontrando mais. As cópias originais legendadas estão DESAPARECENDO das salas de exibição. Que não reclamem da evasão do público, ou do decréscimo na renda, se as pessoas optarem por BAIXAR na internet a versão original.
Eu sei. A questão não é tão simples. Como quase sempre, exagero um pouco. É que fica difícil não se revoltar quando você assiste, sei lá, uma estória passada na primeira guerra mundial narrada por um dos personagens do Dragon Ball... ou encara um drama familiar pesado onde a pobre protagonista chora as suas mazelas com a voz da Dona Florinda. Juro que sempre pensei que o dublador do Brad Pitt, o Aquiles no filme Troia, também fazia a voz do Barney Rubble. Aquele "tem mais alguém" não me engana.
Vejam bem, eu também cresci acompanhando os enlatados americanos e japoneses. Também prefiro o "Esquadrão Classe A", a "Super Máquina", o "Chips", o "Ultramen" e muitos outros soando em bom português. Aliás, JAMAIS vou me acostumar com a voz original dos Simpsons. Existem os bons e os maus dubladores. Infelizmente os GRANDES mestres, ou já morreram, ou estão velhinhos. E pra cada bom novo dublador - o Selton Mello por exemplo - uma dezena dos ruins aparece.
Vejam bem, eu também cresci acompanhando os enlatados americanos e japoneses. Também prefiro o "Esquadrão Classe A", a "Super Máquina", o "Chips", o "Ultramen" e muitos outros soando em bom português. Aliás, JAMAIS vou me acostumar com a voz original dos Simpsons. Existem os bons e os maus dubladores. Infelizmente os GRANDES mestres, ou já morreram, ou estão velhinhos. E pra cada bom novo dublador - o Selton Mello por exemplo - uma dezena dos ruins aparece.
Seriados... ah, os seriados! Agora cheguei onde queria. Essa introdução "reclamona" toda apenas pra dizer que eu sou um viciado irrecuperável. E nunca houve uma safra tão boa!
Como imaginaria um dia encontrar séries como a Boardwalk Empire, de "gangsters", produzida pelo Martin Scorsese... um "poderoso chefão" em capítulos!
Ou como a Guerra dos Tronos, que encontrei primeiro na telinha pra só depois poder devorar os livros e concluir que, sim, são idênticos e muito, muito bons.
Séries onde os roteiristas não têm medo de matar um personagem central, de criar uma reviravolta completa e inesperada na trama.
Ou a Californication? Abduziram o David Duchovny e o transformaram de detetive nerd apagadão em um escritor galã com uma inspiraçãozinha no Bukowski.
Dexter... ah, o Dexter. Todo mundo que conheço, de repente, se viu torcendo pra um completo maluco. Isso não acontecia, sei lá, desde o filme O Silêncio dos Inocentes.
Ou como a Guerra dos Tronos, que encontrei primeiro na telinha pra só depois poder devorar os livros e concluir que, sim, são idênticos e muito, muito bons.
Séries onde os roteiristas não têm medo de matar um personagem central, de criar uma reviravolta completa e inesperada na trama.
Ou a Californication? Abduziram o David Duchovny e o transformaram de detetive nerd apagadão em um escritor galã com uma inspiraçãozinha no Bukowski.
Dexter... ah, o Dexter. Todo mundo que conheço, de repente, se viu torcendo pra um completo maluco. Isso não acontecia, sei lá, desde o filme O Silêncio dos Inocentes.
Hell on Wheels, uma lição sobre a história norte americana de me fazer lembrar de livros como o "Enterrem o meu coração na curva de um rio". Sem falar que é um western e eu sou doente por westerns. E pela segunda guerra mundial: Band of Brothers, The Pacific... e eu já conhecia o Stephen Ambrose de antes, bem antes.
Sons of Anarchy. Pusta trilha sonora. Acho que essa série está causando o efeito nos motoclubes que o filme Easy Rider causou nos jovens na década de 60. De repente todos eles adotam o visual, as "patches", as tatuagens de costas inteiras com o nome do grupo.
Nem vou falar de séries como a Spartacus, que melhorou ainda mais aquilo que vi anos atrás nas duas temporadas de ROMA. Intrigas, sangue e mulher pelada... pra quem curtia o Conan nos quadrinhos e nos filmes é o paraíso.
Agora me aparece a Luck. Dustin Hoffman. Nick Nolte. Michael Mann dirigindo o piloto. Fala sério! Se pra cada filmeco como o último Transformers acompanharmos uma série incrível como a Luck, eles que fiquem com seus filmes dublados!
E, é claro, The Walking Dead. Foram tantas as brincadeiras e menções a essa série hoje pela manhã que me inspirei a escrever esse pequeno texto.
Nunca gostei de zumbis. Talvez por já encarar um, personalíssimo, cada vez que me olho no espelho. A verdade é que as estórias sempre foram simples demais, superficiais demais. Tirando o "Fome Animal", nunca curti nenhum filme desses. Finalmente se redimiram, em uma série de televisão onde o cérebro dos protagonistas (e por consequência, dos espectadores) serve pra algo mais que um banquete.
A verdade é que, nos filmes, mais visível do que nas demais artes em geral, as produtoras e estúdios só apostam no que tem "retorno certo".
As emissoras de televisão seguem a tendência. Salva-se uma ou outra boa série ou minissérie da rede globo, uma espécie de pedido de desculpas pra cada edição do BBB ou programinha como "amor e sexo" que aparecer.
Tudo isso - essas séries bem escritas, bem produzidas, em linguagem atual - é apenas uma demonstração de que sim, dá pra se consumir cultura com uma qualidade acima da média.
Melhor ainda se essas estórias te fizerem procurar um "algo a mais". Um filme do Scorsese, um livro do Bukowski, uma revista em quadrinhos européia, um disco da Dusty Springfield ou do Terry Reid.
Hoje em dia está tudo ali, mastigadinho, a um clique de distância. Basta QUERER.