sábado, 7 de janeiro de 2012


KAMA SUTRA.

(Adaptai-vos e multiplicai-vos. Mas com jeitinho).





Oi, pessoal. Sabe que eu me distanciei apenas por algumas horas deste blog e quase tive uma crise de abstinência? Quase. 

Mas foi legal, porque em meio a uma curta e divertidíssima viagem com a Fabi, minha mãe, minha sogra e minha tia Iracema comecei a desenvolver AQUELE tema que, pra quem se lembra, foi o "estopim" desse blog. (vê lá se viagem em família é lugar pra imaginar essas coisas... definitivamente eu não sou normal). 


Assim, é melhor retirar as crianças da frente do computador, apagar as luzes, vestir aquela roupa mais "confortável", beber uma coisinha pra relaxar, e colocar aquele cd do Marvin Gaye (ou do Nelson Ned, cada um com sua tara) pra rolar baixinho... apresento-lhes o Kama Sutra do Espondilítico.






O Indiano é mesmo um povo muito besta. Não bastava inventar o Yoga - que prefiro chamar de "cirque du soleil" pra espondilíticos - aquele troço que só de olhar já faz a gente babar de inveja ou morrer de dor por simples associação. 

Não. 

Os sacanas precisavam transportar aquilo tudo pra alcova. 

Mas eles são bons na coisa, precisamos admitir. E possuem um bilhão e duzentos milhões de argumentos irrefutáveis.

Acha difícil falar sobre sexo? Experimenta ter uma doença que vai tolhendo seus movimentos dia a dia, que te deixa cansado pra sair da cama, mas mesmo assim te deixa sem vontade de fazer qualquer coisa ali além de dormir, que te faz confundir Orgasmo com aquele dia no mês em que você não sentiu dor.
É dureza, amigos. Quer dizer, pra piorar, em dias de crise, é moleza mesmo, e atire a primeira pedra aquele que nunca deixou de comparecer...

Mas, eu garanto a vocês, isso tudo faz parte de um processo de desmitificação, e se, como tudo o mais, a gente encarar com desprendimento, aceitação, humor e leveza, logo vão perceber que não é um bicho de sete cabeças. Ou até pode ser. Depende da suruba.

Eu não pretendo ficar aqui descrevendo em detalhes as minhas desventuras. Mesmo porque tenho certeza de que, também nesse aspecto, sou igual ou até mesmo melhor do que qualquer pessoa. E, também, já estou grandinho demais pra ficar comparando performance. É exatamente por aceitar minhas fraquezas e limites que invisto nas minhas qualidades. E, acreditem, muitas vezes um bom "especialista" vale mais do que um "generalista". Podem perguntar pra  nossas esposas e maridos. Ou melhor, não pergunta nada não. Deixa o povo transar em paz.

Isso posto, vou apenas fazer um exercício de imaginação e besteirol pra descrever alguns detalhes da vida sexual de um espondilítico. Se é verdade ou não, fica a critério de cada um descobrir.


APETRECHOS -  Nós somos mesmo especiais. Esse negócio de chicotinho e cremezinho perfumado é pra amadores. Espondilítico que se preza instala uma barra de apoio na cabeceira da cama. E faz bom uso dela! Também pede pra parceira ou parceiro fazer AQUELE strip tease e fica ali, paradão, igualzim um cabideiro, torcendo p'raquela calcinha se pendurar no lugar certo. 

Gel excitante já era. O negócio mesmo é o Gelol. 
Preferencialmente depois. 

Ah é... o RODO!
(Deixem de ser maldosos, o rodo é só pra usar como alavanca se eu travar...).

ADAPTAÇÃO,  IMAGINAÇÃO E HUMOR - A imaginação é a nossa maior aliada. 

Não estou te pedindo pra você virar pro seu parceiro ou parceira e dizer: 

- "Fecha os olhos, querida, e imagina que eu sou o George Clooney. Ou o Tom Cruise. O Bon Jovi. Ou o Justin Bieber (tem quem gosta). Ou o Kid Bengala (roubaram meu rodo! de novo!)". O Neymar? (aí já é apelação!)

Estou dizendo que, se você possui um "alcance limitado", chega mais perto, ué. Se você não consegue fazer algum movimento ou posição, basta trocar. Tenta de outro jeito. Pede ajuda. Conversa. Dá risada! Aproveita, a gente  já está com aquela cara ridícula mesmo! A camisa agarrou e tá difícil de sair? Diz pra parceira: amor, sou o cavaleiro sem cabeçaaaaaa. E corre pro abraço. Só toma cuidado com a parede.

Nosso grande problema é tratar sexo como competição. Vê se para de querer ser o primeiro lugar, o bonzão em tudo, e começa a pensar em um empate, onde AMBOS levam mais que satisfeitos o seu pontinho pra sala de troféus.

Mas e se, mesmo com tudo isso, ela ainda insiste em imaginar que você é o George Clooney... simplesmente aproveita, ué.

POSIÇÕES -  Papai e mamãe? Cowgirl? Cachorrinho? 69, 96, múltíplos matemáticos disso ou daquilo? Isso é só o começo!

Não espere aqui aquela velha piada sobre a posição sexual "Seguuura peão": onde você "monta na parceira", sussura o nome de sua ex-namorada no ouvido dela e tenta ficar 8 segundos. (xiii... contei).

Ousadia é o tom. Inspirado no poético Kama Sutra original, criei uma pequena série de novas e fantásticas posições. Não tentem fazer isso em casa... (mas, se conseguir fazer, me conta depois. Com todos os detalhes). Vou descrever duas aqui. Depois continuo.


O BUDA - o homem, totalmente depilado (com cera quente) fica assentado, com a ajuda de três ou quatro almofadas bem pesadas. (Escorar com tijolos também é válido). A mulher se aproxima toda serelepe, seminua e vestida de seda e organza, cheirando a jasmim e com sinos nos dedos dos pés. No processo, chuta o gato, que tentava agarrar os sinos. a mulher desliza como uma serpente para o colo do homem. O tijolo cai no chão. O vizinho bate no teto com o rodo.

O VATSYAYANA NO BAMBUZAL - a mulher, com uma sexy expressão tântrica, simula os movimentos da dança conga la conga, enquanto o homem repousa sua rígida coluna de bambu sobre uma capa de assento de taxista com bolinhas de madeira e degusta um cálice de vinho. Ambos se lambuzam com cataflan. Esqueça o gato.




(continua - mas não me cobrem)




(Ainda adolescente, li uma crônica nesse teor de "descrição de posições sexuais". Não me lembro se era o Verissimo no seu "Analista de Bagé", ou o Fernando Sabino, o Rubem Braga ou o Paulo Mendes Campos... só sei que tentei emular, nessa parte do texto, aquele estilo que tanto me divertiu. Aos grandes mestres, sempre, a minha reverência).








Um comentário:

  1. Essa me fez lembrar de uma fase da "bendita" em que acho que tive as dores mais fortes: eram dores agudas no peito após qualquer esforço e já dá pra imaginar que nem as transas eram poupadas, né? Foi um custo danado pra comprovar que minha suspeita de que não era coração, mas sim coluna pois eu percebia que movimentos circulares da cabeça com estalos do pescoço acabavam por diminuir a dor. Fiz até sintilografia do miocárdio para que meu cardiologista tivesse certeza de que, coração não era. Logo depois acabei sendo encaminhado pro reumato que diagnosticou a espondilite. Eu achava que eu ia morrer (com um sorriso estampado no rosto) rs.

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